domingo, 11 de outubro de 2009

“O CAMINHO DE VOLTA PARA O PAI”


Vivemos em dias difíceis. Dias em que ninguém parece se importar com ninguém a não ser a si próprio. A desilusão, o desamor, a desesperança e até mesmo o desespero tem atingido o coração das pessoas.

A humanidade hoje tem “corrido atrás do vento”. Tem buscado dinheiro, carros, mansões, status, fama, realização pessoal, viagens, prazeres, paixões, cursos e mais cursos e assim por diante (Ec 1:13). Mas mesmo após conseguir tudo isso, aquele sentimento de vazio parece persistir em permanecer no âmago de sua alma.

Alguns tentam preencher esse vazio como alguém que busca encontrar solução pelas próprias mãos.

É nesse momento que muitos se perdem na ilusão dos vícios, das noitadas, no engano do consumismo e alguns ainda desistem de lutar.

Para os filósofos da pós-modernidade vivemos num “mundo perdido”. Mas será, que mesmo vivendo num mundo perdido, é possível encontrar O Caminho?

Para encontrarmos a resposta para essa questão é preciso perguntar para Deus qual é o caminho que ele nos oferece. Qual o escape que Ele nos preparou.

Deus providenciou um Novo e Vivo Caminho para você! Ele nos garante isso na sua Palavra (Hb 10:20). Ele preparou um escape para você antes mesmo de você nascer, pois Ele sabia que você iria precisar. Desde a eternidade, Deus já te conhecia (Jr 1:5) e quis te trazer a este mundo com um propósito maravilhoso!

Ele te deu a vida para que você pudesse ser filho dEle. E isso só é possível através de Seu Filho Jesus (Jo 1:12).

Deus enviou Seu Filho para que nos mostrasse o caminho de Volta ao Seio do Nosso Pai. Você não está neste mundo por obra do “acaso”. Você tem um Propósito Eterno muito bem definido: SER UM FILHO DE DEUS POR ADOÇÃO EM CRISTO (Ef 1:5). Deus te pôs no tempo para poder te levar em seguida para a eternidade com Ele por meio de Seus Filho.

A vida não é somente isso que você está vendo agora! O que Deus preparou pra você é algo muito maior: São coisas que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em qualquer pensamento humano”! (1 Co 2:9).

Abra agora seu coração pra Deus. Permita que Jesus te mostre o Caminho de Volta Para o Pai.

Disse Jesus: “Eu sou O Caminho, A Verdade e A Vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14:6).

sábado, 27 de junho de 2009

Secularismo na religião pós-moderna

Introdução do meu projeto de pesquisa... comentem...

A situação da classe média universitária e intelectualizada brasileira atual, com relação à religião e espiritualidade, tem escapado do poder de observação e intervenção da Igreja. É um fato que as Igrejas, como instituições estabelecidas, têm perdido terreno gradualmente no universo de significados desses jovens, que ainda assim consideram a espiritualidade (e mesmo o cristianismo) como parte importante de suas vidas.

É curioso que jovens, que não têm vínculos formais com igrejas estabelecidas e que são comumente rotulados por essas instituições como “mundanos” ou “incrédulos”, vejam na religião uma importante fonte para buscar sentido para suas vidas e direcionamento para suas escolhas e atitudes. Pesquisas e artigos em revistas especializadas em cultura e sociedade revelam que a religião (geralmente formulada através de um processo de “bricolagem”) está presente e forte na vida desse recorte social.

Contudo, sua rejeição de instituições estabelecidas (e em especial de igrejas cristãs) levanta as perguntas: Quais as razões para essa rejeição? A Igreja não tem sido capaz de mostrar a eles uma opção de espiritualidade que eles possam aceitar (lembrando que a rejeição da Igreja e rejeição do cristianismo nem sempre estão conectadas)? Ou é preciso buscar uma nova compreensão eclesiológica, que possa levar em consideração as contribuições que essa juventude tem a oferecer?

Dietrich Bonhoeffer, teólogo protestante alemão que viveu na primeira metade do séc. XX, oferece, principalmente em suas últimas obras, uma possível resposta aos questionamentos levantados. Suas reflexões sobre a situação da Igreja Luterana durante a Segunda Guerra Mundial, a observação de uma sociedade que estava a cada passo mais distante da tutela da religião e mais convicta de que havia atingido a maioridade e poderia, então, pensar por si mesma e achar suas próprias respostas para seus problemas sem ter que recorrer a Deus como um Deus ex machina e o convívio com pessoas que não faziam parte da igreja (e, portanto, não eram consideradas “cristãs”), o levaram a considerar a possibilidade de um cristianismo arreligioso.

A atual geração não se considera menos “madura” que a geração de Bonhoeffer, garantindo que os questionamentos por ele levantados quanto a como o cristianismo deve se posicionar frente a um mundo que se tornou maduro continua integralmente atual. Em conseqüência, há a crítica ao dogmatismo, também presente nos escritos da última fase de Bonhoeffer.

O dogmatismo das grandes instituições religiosas soa aos ouvidos dos jovens contemporâneos como prepotência. Não acreditam que uma estrutura, um líder de igreja ou uma pessoa que ocupa um cargo importante, possam responder satisfatoriamente a todas as perguntas com o peso do dogma. A necessidade de uma opção de espiritualidade aberta, que deixe espaço para o pensamento individual e que possa receber contribuições de fontes diversas se faz sentir na sociedade atual. A cristologia de Bonhoeffer, uma cristologia que olha para o mundo encarnando em sua situação existencial e amando o mundo no qual encarna, pode oferecer uma alternativa ao dogmatismo institucional frio.

Outro fator de peso nas considerações atuais sobre a religião é a imagem que ela transmite aos jovens. Sua atuação no mundo, na opinião destes, sempre foi questionável e manipuladora. Das Cruzadas medievais aos atuais extremistas islâmicos, da religião de comércio neo-pentecostal aos escândalos de pedofilia que se multiplicam no seio da Igreja Católica Apostólica Romana, as religiões parecem se apresentar como lobos em pele de cordeiro, colocando sua credibilidade em risco.

Durante a Segunda Guerra Mundial não foi diferente. A Igreja oficial alemã havia se submetido ao regime e ideologia nazistas, enquanto igrejas que não se submetiam precisavam agir de maneira clandestina. Bonhoeffer ocupou cargo de liderança na Igreja Confessante, movimento de resistência ao regime nazista. Perante uma Igreja vendida à ideologia de dominação e morte nazista, Bonhoeffer precisou repensar a eclesiologia.

A análise teológica das obras de Bonhoeffer e de seus intérpretes, junto com uma análise social embasada em dados atuais e condicionados à situação da juventude universitária brasileira, talvez contribua de maneira positiva às discussões atuais sobre a espiritualidade pós-moderna, diálogo inter-religioso e como a Igreja (e a religião de maneira geral) deve se posicionar frente aos questionamentos levantados contra ela se quiser continuar a ser relevante em uma época cada vez mais secular.
Pra quem quiser visitar, o blog do cara é: http://projeto5.blogspot.com

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A sociedade judaica nos dias de Jesus e a importância do Evangelho para esta sociedade

O referido trabalho escrito tratará do tema: “A sociedade judaica nos dias de Jesus e a importância do Evangelho para esta sociedade”. E abrangerá em três subdivisões principais que são:

CAPÍTULO I – Ambiente religioso
CAPITULO II – Ambiente Político
CAPITULO III – Ambiente Social

Entender o contexto em que viviam o povo nos dias de Jesus é indispensável para todo leitor da Bíblia, em especial do Novo Testamento. Jesus trouxe Seu ensino em meio ao contexto judaico. Muitas das vezes falou por parábolas, utilizando as coisas do cotidiano da para apresentá-las aos apóstolos e às multidões.

Para a realização deste trabalho foram utilizados as obras dos autores William L.
Coleman, Ralph Gower, Merril C Tenney, J.I. Packer e Willian Qhite JR.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BIBLIA NOVA VERSÃO INTERNACIONAL
BLIBLIA SAGRADA, Edição Revista e Atualizada
COLEMAN, William L. Manual dos tempos e costumes bíblicos. Tradução de Myrian Talitha Lins. Belo Horizonte, Betânia, 1991. 352 p.
GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos tempos bíblicos. Tradução de Neyd Siqueira. Rio de Janeiro. CPAD. 2002.
TENNEY, Merril C.; PACKER J.I; QHITE JR, William, Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos. Traduzido por Luiz Aparecido Caruso. Flórida – EUA,Vida, 1993. 191 p.

A sociedade judaica nos dias de Jesus PARTE 1

CAPÍTULO I




I – AMBIENTE RELIGIOSO




Desde o principio vimos que Deus precisou agir para salvar a humanidade. Sempre foi da vontade de Deus se relacionar com o homem. A Palavra nos ensina que vivemos num mundo criado por Deus, onde operam suas regras e leis. Quando essas regras são quebradas, acontece uma separação do homem de Deus. O pecado traz juízo de Deus e caos social.

No Novo Testamento sabemos que Deus providenciou Jesus para livrar o homem do pecado e da conseqüência do pecado que é a morte (Rm 6:23). Deus na pessoa de Jesus Cristo permitiu que o matassem como culpado, apesar de ser inocente, para que através da sua morte toda a humanidade pudesse ter vida. Como disse o apóstolo Pedro: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1Pe 2:24).

Nos dias do Antigo Testamento Deus escolheu primeiro indivíduos para que gradativamente através dele, nascesse um povo de onde nasceria o Messias para salvar a humanidade.

Como no Cristianismo, Deus não quis fundar uma religião judaica, mas providenciou condições para que o homem pudesse ter um relacionamento íntimo com ele. Deus usou a religião judaica com o propósito de preparar o caminho para Jesus. A religião judaica porém não permaneceu estática.

Na religião judaica foram surgindo lugares santos, dias santos, indivíduos santos, eventos santos. Mas o que Deus queria era um espírito quebrantado e contrito em vez de sacrifícios (Sl 51:17), justiça em lugar de dias festivos (Am 5:21-24) e em lugar de ofertas de carneiros e óleos Ele queria pessoas justas, bondosas e que andassem humildemente com o Seu Deus (Mq 6.8).

Todo o arranjo religioso não tinha fim em si mesmo, porém tinha como propósito revelar a extensão da necessidade dos homens. (Rm 3:19, 7:5, 7-9) a fim de sermos conduzidos a Cristo (Gl3:24,25). Era um meio de sustentar a relação de aliança com Deus até que ele próprio viesse.

I.1. – Leis Santas

Os judeus tinham suas leis baseadas no Torah, que significa orientação e instrução. A religião judaica está baseada nela. Nela se encontra orientação de como se relacionar com Deus e com as pessoas. A Lei (Torah) revelava o caráter de Deus: santidade, justiça e bondade.

I.2. – Lugares Santos

Os judeus consideravam alguns lugares como santos. Os lugares considerados santos eram espaços onde fora possível encontrar-se com Deus determinado momento. Estes lugares eram marcados com um altar e um sacrifício. Quando Jacó fugia de seu irmão, teve uma visão enquanto dormia. Ele viu uma escada e anjos subindo e descendo por ela, ali ele edificou um altar e ofereceu um sacrifício ao Senhor. E deu àquele lugar o nome de Betel, que significa Casa de Deus (Gn 28:19). Outros lugares também foram marcados com altares e sacrifícios como: Hebrom, Siquém, onde Deus apareceu a Abraão e prometeu a terra aos seus descendentes, e outros.

I.3. – Sinagogas

No exílio, depois do templo de Salomão ter sido destruído, os judeus começaram a reunir-se em sinagogas (lugares de reunião, literalmente), dessa forma conseguiram preservar sua cultura. Depois do exílio o sistema de sinagoga continuou sendo usado por eles. Eles se reuniam aos sábados, lá eles aprendiam à lei e as tradições do seu povo.

Esses lugares de reunião começaram a ser construídos onde quer que houvesse no mínimo dez homens adultos na comunidade. Elas eram construídas geralmente no centro da comunidade, ou no lugar mais alto dela. Era geralmente o prédio mais alto, possivelmente por meio de uma base ampliada. Elas também tinham características próprias, para que o judeu pudesse familiarizar-se com a sinagoga, em qualquer lugar que estivesse.

Somente os homens podiam entrar pela porta principal. As mulheres entravam por uma porta separada e sentavam-se numa galeria no fundo. No final do prédio, no lado oposto à entrada, ficava um cômodo com a arca que continha os rolos da sinagoga. E no meio da sinagoga, ficava o bema, um púpito elevado, onde estava uma estante que continha os rolos da sinagoga para todos lerem e o sermão ser pregado.

No culto normal, salmos eram cantados, as escrituras lidas e o sermão pregado (Lc 4:16-21). Depois havia um momento para debates e perguntas. Estevão utilizou-se desse espaço para fazer perguntas que levassem a proclamação do Evangelho. A sinagoga preenche uma lacuna importante para a religião judaica. Porém não eram realizados sacrifícios, já que os mesmos só poderiam ser feitos no Templo.

I.4. – Templo de Herodes

Nos dias de Jesus existia o Templo de Herodes, e recebeu este nome porque fora ele quem o mandou construir para agradar os judeus. Os primeiros lugares separados para a adoração foram o Tabernáculo feito por Moisés, a Casa de Davi, e o Templo suntuoso de Salomão. E agora é construído o Templo de Herodes, cujo tamanho é o dobro do de Salomão e sua divisões mais elaboradas. Havia lugares separados para homens, sacerdotes, mulheres e gentios. O prédio era magnífico, uma das maravilhas do mundo antigo. Para os judeus era inconcebível Jesus dizer que não ficaria pedra sobre pedra. No templo eram oferecidos sacrifícios ao Senhor.

I.5. – Celebrações santas

Os judeus possuíam muitas festividades e datas importantes em seu calendário.

I.5.1. - O sábado

O sábado era um tempo de descanso do trabalho, sendo um alívio físico, e era também uma benção espiritual. (Is 56:2,4-7; 58:13,14). A guarda do sábado está nos dez mandamentos que o Senhor dera a Moisés. O sábado começa na sexta-feira ao por do sol.

Nos tempos de Jesus, o sábado ainda era um dia onde se comia a melhor refeição da semana, vestia-se a melhor roupa e ia-se à sinagoga à tarde. Porém o mesmo havia se tornado um fardo para as pessoas, pois havia muitas leis detalhadas que regiam cada aspecto do dia. Existiam leis até para estipular quantos passos uma pessoa poderia dar num dia de sábado. Uma jornada de sábado, por exemplo, equivalia a 2000 passos.

Jesus percebeu que o sábado havia perdido o seu objetivo inicial que deveria ser de alegria, mas que agora estava sendo de tristeza. Jesus afirma ser o Senhor do sábado e diz que o sábado foi feito para o homem e não o contrário ( Mc 2:27). Jesus é o nosso sábado.

I.5.2. - Celebrações anuais

I.5.2.1. - As festas da Páscoa e dos Paes Asmos

A festa da Páscoa é a de maior importância dentre as festas dos judeus, celebrada de 14 a 21 do mês de Adib ou Nisã. Sua origem está extremamente ligada ao nascimento da nação judaica quando Deus livra Seu povo da escravidão do Egito. No êxodo Deus instruiu aos israelitas que passasse sangue nos umbrais das casas, para que quando o Anjo da morte passasse matando os primogênitos, eles fossem poupados. Deus também instrui a forma como deveriam comer o cabrito e o carneiro. Essa festa é comemorada e lembrada como sinal de libertação e proteção divina.

I.5.2.2. - O Pentecostes

Denominada também Festa das Semanas. Festa da Ceifa ou Festa das Primícias. Cinqüenta dias após a Páscoa, época de colheita da cevada, vinha à colheita do trigo, quando era celebrada a festa das semanas. Após o exílio, os judeus passaram a celebrar esta festa em Jerusalém, tornando-se a segunda das festas anuais em que o povo afluía a essa cidade. Além da cerimônia havia muita comida, bebida e musica. Foi nesse dia que, após Jesus ter voltado para o Pai, o Consolador foi enviado. Quando estavam todos reunidos, o Espírito Santo desceu sobre eles e passaram a falar em outras línguas (At 2:1-4).

I.5.2.3. - Festa dos Tabernáculos

Chamada também de Festa das Tendas, da Colheita e Festa do Senhor. Era a terceira festa relacionada a agricultura, por esse motivo, era uma festa muito alegre. Comemorava-se no mês de tishri e durava sete dias. Muitos dos celebrantes levavam ramos de palmeiras nas mãos, como símbolo de reconhecimento da boa colheita que tiveram.

I.5.2.4. - Festa das Trombetas

Era observada no 1º e 2º dias de Tishri, o 7 º mês, porque assinalavam a 7º lua nova do ano religioso e o início do ano civil .

I.5.2.5. - O Dia da Expiação

É também chamado de Yom Kipur. Era uma ocasião em que o povo fazia uma auto-reflexão. Era para arrependimento e purificação nacional. Era nesse momento que o sumo-sacerdote entrava no Santíssimo Lugar uma vez por ano e impunha as mãos sobre um bode transferindo todo o pecado da nação. Logo após o bode era conduzido ao deserto. Após profundos sentimentos de tristeza, os participantes se alegravam na Festa do Tabernáculos que era logo a seguir.

O mero ato de imolar um animal não remove pecado de ninguém. Isso servia apenas de símbolos e sombras do que estava para acontecer (Hb 10.1). Só podemos hoje estar em paz com Deus e achegarmos a Ele pelo sangue de Jesus. (Hb 10:19).

I.5.2.6. - O Purim

Mais uma comemoração alegre que os judeus acrescentaram depois do exílio babilônico. Essa festa foi instituída para comemorar o livramento dos judeus durante o reinado de um rei persa. Foram dias da perseguição planejada por Hamã, que visava o extermínio total da raça judaica nos domínios persas. Mordecai recomendou que se comemorasse nos dias 13 e 15 do mês de Adar (Et 9:20).

I.5.2.7. - A Festa das Luzes

Essa alegre comemoração tem diversos nomes, como Chanocá, Festa da Dedicação, dos Macabeus, da Iluminação e Festival da Rededicação. Era comemorada no dia 25 do mês chisley. Ela tem sua origem em 167 A.C., quando Judas Macabeu limpou e reconstruiu o templo que havia sido profanado e destruído.

I.6. – Povo Santo

I.6.1. - Sacerdotes e Levitas

Nos dias do Novo Testamento havia ainda sacerdotes e levitas que trabalhavam no serviço do Templo. Eles representavam o povo diante de Deus, e diante do povo, ensinavam as Escrituras. Nos dias de Jesus, os principais sacerdotes eram os membros das famílias dos sacerdotes. Eles se opunham contra Jesus constantemente.

I.6.2. - Profetas

A pessoa se tornava profeta quando Deus começava a falar com ela e ela por sua vez, precisava entregar a mensagem do Senhor. A mensagem do profeta era transmitida conforme a personalidade do profeta. Jeremias diz que a mão do Senhor o tocou e as palavras foram colocadas em sua boca(Jr 1:9). Outros profetas tiveram sonhos e visões (1Sm 28:6,15; Zc 1.8) e de outras formas como parábolas ( Is 5:1-7), recapitulando profecias ( Is 6), repetindo um oráculo ( Ez 4:1-3), ou escrevendo (Is 30:6). Nelas eles falavam dos acontecimentos futuros e alertavam o povo a seguirem a Lei. Em Lucas 2:36 vemos uma profetiza chamada Ana, filha de Fanuel da tribo de Aser.

I.7. – Objetos Santos

Existiam objetos santos, que pertenciam ao Senhor e não podiam ser tocados por pessoas comuns. Vários objetos eram sagrados, e estavam localizados no Lugar Santo e do Santo dos Santos no centro da adoração.

I.7.1. – A Arca da Aliança

A Arca da Aliança era o objeto mais importante de todos. Servia de trono para o Deus invisível e que ficava sentado sobre as asas dos querubins, e cuja voz vinha de cima dela. Ela é descrita em Êxodo 25:10-22. Nela continha as duas tábuas de pedra dos Dez Mandamento, um vaso contendo o maná e a vara de Arão. No Lugar Santo havia três objetos: uma mesa (mesa da proposição), um castiçal e um altar.

1.7.2. - Outros objetos

Muitos judeus usavam os filactérios (principalmente os fariseus). Eles penduravam partes das escrituras no punho ou na testa. Geralmente o credo básico dos judeus registrado em Dt 6:4,5.

I. 8. - Principais grupos religiosos

I. 8. 1. - Saduceus

Havia dois grupos principais em constante conflito: saduceus e fariseus. Embora ambos seguissem a lei mosaica, os saduceus receberam influência helênica, o que os fizeram negar a imortalidade da alma, os anjos, os espíritos, o juízo final e o messianismo.

Os saduceus eram membros de uma seita judaica antiga, integrada por sacerdotes e aristocratas que se mantinham no poder com o apoio dos romanos. Aparecem na história por volta do ano 200 a.C. Rejeitavam a tradição oral e admitiam como cânon apenas os livros do Pentateuco. Conduziam-se às vezes com rigidez e, ao contrário dos fariseus, recusavam qualquer compensação em dinheiro em substituição à lei de talião e exigiam "dente por dente, olho por olho".

A maioria dos que compunham o grupo dos saduceus era procedente da mais alta classe social. Assim, embora não sendo em grande número, exerciam uma grande influencia. Seu dirigente era sempre um elemento dos meios sacerdotais, de origem aristocrática. Ao que parece, eles conseguiam jogar com três ingredientes: poder, corrupção e tradição judaica, o que lhes dava os meios para continuar na liderança.

Após a destruição do templo de Jerusalém pelas legiões romanas no ano 70, praticamente não há registro ou menção aos saduceus, cuja vida estava ligada ao serviço do templo.

I. 8.2. - Fariseus

Enquanto os saduceus se opuseram a Jesus pelo pragmatismo, os fariseus pela maneira como interpretava a lei, e da sua afirmação de que era Filho de Deus.

Os fariseus aceitavam o Velho Testamento como sendo a Palavra de Deus. Foram os fariseus que preservaram a identidade judaica quando esta a estava prestes a perdê-la. Criaram escolas para ensinar os jovens com o fim de não apostatarem e se envolver com crenças gentílicas. Os fariseus estavam muito presos às leis e com isso o fanatismo religioso tomava o lugar da verdadeira adoração a Deus, que consiste em misericórdia, justiça e fé.

Os líderes do grupo se achavam guardadores da lei e por esse motivo, levantaram um cerco de mais mandamentos para que o povo não desobedecesse a Deus e andasse em santidade. Jesus os reprovou dizendo que nem eles entravam no Reino do Céu, nem deixavam os outros entrarem ( Mt 23:13). Estavam sempre querendo aprimorar as leis de Deus. Achavam que obedecer a Deus consistia principalmente em observar todos os detalhes dela, e não em amar.

I.8.3. Essênios

Esse grupo não é mencionado na Bíblia. Eles tinham uma filosofia de se isolar nos desertos e viver em grupos longe da sociedade para não se contaminar. Eles queriam se purificar para estar preparado para receber o Messias. Era comum naquela época a esperança messiânica. Alguns consideram que João Batista fez parte de um grupo essênio. Mas o fato é que João Batista obedeceu a uma ordem especifica do Senhor ao viver em muitos aspectos como Elias.

O grupo de essênios localizado no Qunrã, durou 200 anos. Eles contribuíram muito com os cristãos do século XX, já que foi encontrado em 1948, um grande número de pergaminhos, chamados de pergaminhos do Mar Morto.

A sociedade judaica nos dias de Jesus PARTE 2

CAPÍTULO II



II – AMBIENTE POLÍTICO



Israel frequentemente estava sujeita a invasões de potencias maiores. Por diversas vezes ela foi dominada por impérios que marchavam por seu território e o ocupavam, assumiam o controle e ali ficavam por séculos. Foi assim que assírios, babilônicos, persas, gregos e romanos fizeram. Sempre explorando e maltratando o povo. Com isso o povo foi se misturando e perdendo sua identidade. Mas muitos também lutaram contra e preservaram a cultura e a identidade cultural. O fator mais forte que permitiu essa conservação foi a sua fé em Deus.

O governo romano, apesar de seus aspectos negativos, pode ter sido benéfico para a economia de Israel. Cooperou com o incremento do comércio, transportes, lazer, educação, segurança militar e de outras vantagens. A única coisa que Roma não ofereceu aos judeus foi o que eles julgavam a mais importante: a liberdade. Esse fato fez com que o relacionamento deles fosse bastante conflituoso.

O Império Romano tomou a Judéia em 63 a.C. O general que conduzia ­­as forças armadas no momento da invasão foi Pompeu. Esse cometeu muitas atrocidades matando inúmeros sacerdotes, no momento que este realizava suas funções no templo, e ainda tece a audácia de entrar no Santo dos Santos. Os judeus guardaram essa lembrança como muita mágoa e revolta.

Jesus nasceu neste ambiente de conflito e insatisfação política. As autoridades judaicas continuavam em seus cargos fazendo o que agradava os dominadores. Muitos cargos foram conquistados por meio de propina, traições e sujeitando-se a extorsões.

II.1. Imperadores romanos

No período do nascimento de Jesus até o inicio da igreja, Roma teve cinco imperadores.

II.1.1. César Augusto (29 a.C a 14 d.C.). – Jesus nasceu no período em que este imperador governava Roma. Ele fez um licenciamento que obrigaram todos a alistar-se, com o objetivo de impostos. Foi por este fato que José e Maria viajaram para Belém (Lc 2:1).

II.1.2. Tibério (14 a 37 d. C.) – Era Tibério que estava no trono quando Jesus exercia seu ministério. A esfinge na moeda que os fariseus usaram para perguntar a Jesus tinha era dele.

II.1.3. Gaio (37 a 41 d.C.) – Mais conhecido como Calígula, esse imperador provavelmente era louco. Ordenou que colocassem uma estatua sua no Santo dos Santos. Porém morreu antes de conseguir.

II.1.4. Cláudio (41 a 54 d.C.) – Os registros históricos revelam que ele proibira os judeus de se reunirem, que era o mesmo que forçá-los a sair da cidade. Ágabo preveu que iria haver uma fome em todo o mundo no tempo do reinado deste imperador.

II.1.5. Nero (54 a 68 d.C.). – Para desviar a atenção da crise política, este imperador perseguiu os judeus. Ele mandou prender, torturar, e até queimar vivos muitos cristãos.

II.2. Governante regional da Judéia – Pilatos (26 a 36 d.C.).

Roma tinha governadores regionais e na Judéia fora colocado Pilatos. Os judeus não gostaram e isso significava um grande descontentamento social. Os judeus já sofriam com reis oportunistas e as vezes até loucos, ter de suportar um governante era desgastante. O maior problema era a liberdade religiosa, uma vez que Pilatos tinha controle total sobre o Templo. As vestes do sumo-sacerdote ficavam sempre em seu poder, e quando ia a Jerusalém em razão das festas religiosas, as emprestava aos judeus.

I.3. – O Sinédrio

O Império permitiu em alguns momentos da sua ocupação que o Sinédrio tivesse uma certa autoridade. Para eles havia vantagem que os judeus fossem governada por gente dela mesmo. Desde que os atos não conflitassem com as leis e os interesses dos romanos.

O Sinédrio era formado por 70 ou 71 homens. Esse concílio tentava se assemelhar ao grupo de anciãos formado por Moisés. Quando designou alguns anciãos para ajuda-lo a julgar o povo. (Ex 18.25).Tanto o grupo dos fariseus, quanto dos saduceus tinham seus representantes.

II.4. Os publicanos

As construções de anfiteatros, estradas, portos, bem como a manutenção de seus exércitos eram altamente dispendiosos. O império romano arrecadava muito dinheiro através de concessões na cobrança dos impostos. E para a revolta do povo, além dos pesados impostos de Roma, havia também os de Herodes. Por esse sistema, o magistrado romano franqueava ao coletor de impostos uma determinada área cujos impostos ele ficaria responsável de arrecadar. De modo geral o povo odiava os publicanos. Pois não admitiam que um irmão da mesma raça trabalhasse para a nação usurpadora.

Tendo essa reputação, é de se admirar que Jesus se aproximava dos publicanos, expondo-se assim a críticas, suspeitas e hostilidades por parte de seus concidadãos. Um dos doze era um publicano, Mateus.

II.5.A cidadania romana

A cidadania romana era mais que apenas um título. Pois proporcionava ao indivíduo diversas vantagens, entre as quais ser julgado pela corte romana. Aquele que fosse julgado por um crime grave poderia apelar para César após o veredíto, seu caso seria então encaminhado ao imperador, que o submeteria a seu julgamento pessoal. (At 16:37).
Um cidadão romano não poderia ser chicoteado e nem crucificado. Quem o fizesse estaria sujeito a sérias punições.

II.6. Os benefícios da ocupação romana

Apesar do governo romano ser muito opressivo, ele também introduziu benefícios. A lei e a ordem eram impostas pelos soldados agindo como força policial em tempos de paz Mt 27: 65. Elas serviam às vezes para acalmar motins e controlar a população local, mas por outro lado as tropas tornaram as viagens muito mais seguras ao livrar a zona rural dos bandidos e o mar dos piratas. O que facilitou as viagens missionárias. As estradas romanas tornaram as viagens muito mais rápidas e fáceis. Grande número de pessoas admirava os prédios, diversos e suprimentos de água.

II.7. Expectativa dos judeus

Os judeus nesse domínio romano, esperavam que se levantasse um líder político para liberta-los do jugo romano. Eles aguardavam o messias prometido. Que ele viesse e os libertasse do Império Romano. Como Jesus era da descendência de Davi, achavam os judeus que Jesus iria reinar aqui na terra como seu descendente. Jesus pregou o Evangelho de um reino que não era desse mundo mas que era interior, que estaria dentro de cada pessoa ( Lc 17:20,21). Jesus estava oferecendo algo muito superior ao que eles poderiam apreender. Pois o evangelho é espiritual e invisível ao contrario do que eles queriam.

II.8. Uma língua comum, o grego

Quando Jesus veio a terra apregoar a vinda do reino de Deus, havia uma unificação da língua. No Império Greco-macedônico, quando Alexandre O Grande conquistava os territórios, logo ele lhes impunha a cultura helênica e sua influência foi muito grande. A língua (grego coinê), a filosofia, a medicina influenciaram todo o mundo antigo conhecido. Ele uniu o oriente ao ocidente dessaforma. Esse intercâmbio cultural muito favoreceu a pregação do Evangelho por todo o mundo.

II.9. – Preparo para a vinda do Messias

Quando o Messias veio ao mundo, o mesmo já havia sido preparado de certa forma. Roma contribuiu com as estradas, estabilidade política, e condições para pregar o Evangelho com a Pax Romana (paz imposta pela força). Jesus nasceu neste período, cresceu, pregou, e foi morto pela mãos dos romanos (entregue pelos judeus), ressuscita e ascende. A igreja nasce neste período, onde é muito perseguida até o momento em que há a junção da mesma com o Estado Romano. Neste momento dá-se o período das trevas, onde a Igreja começa a perder a sua pureza.

A sociedade judaica nos dias de Jesus PARTE 3

CAPÍTULO III

III – AMBIENTE SOCIAL

O ambiente social nos dias de Jesus era em geral, semelhante as outras culturas orientais. Mas com algumas singularidades típicas da cultura judaica. Jesus veio primeiramente para os judeus e depois para os gentios. Ele pregou na região da Galiléia, Samaria e Judéia e usava as coisas do cotidiano para comparar a Sua mensagem de Boas Novas.

III.1. - Contrato de casamento

Os jovens geralmente não escolhiam com quem iam casar-se. Eram feitas negociações pelos pais. Nestas negociações eram feitos os acertos sobre o valor do dote que o noivo iria pagar ao pai da moça. Caso o pretendente não pudesse pagar devido à pobreza, podia ser efetuado também na forma serviços (Gn 29:18) ou eliminação de inimigos (1 Sm 18:25). O pagamento do preço não significa que a esposa fosse vendida ao marido e agora era propriedade. Era reconhecimento do valor econômico da filha. A lei sancionou a pratica de comprar uma criada para tornar-se esposa de um homem. Tais leis protegiam as mulheres contra abuso ou mais tratos (Ex 21:7-11).


III.2. - Noivado

Uma vez feito o arranjo para o casamento, havia um noivado mais exigente do que os noivados na sociedade contemporânea. O homem nessa situação, já ficava isento do serviço militar (Dt 20:7). Maria e José estavam noivos quando foi descoberto que ela estava grávida. O noivado durava aproximadamente 12 meses, nesse ínterim a casa era preparada pelo noivo e o enxoval preparado pela noiva. A família da noiva fazia os preparativos para a festa do casamento. Neste período o noivo preparava a casa e a noiva o enxoval. A família da noiva cuidava dos preparativos para a festa de casamento.

III.3. - Casamento

Deus instituiu o casamento para construir a estrutura social que considerou melhor para a raça humana (Gn 2:18; 1:28). Nos dias de Jesus havia alguns judeus que se casava com mais de uma mulher (poligamia), mas em geral não era assim. Casar-se era algo comum e quem não se casava ficavam de certa forma excluídos das relações sociais, principalmente as mulheres. Geralmente os jovens se casavam muito cedo e quem escolhia os conjugues eram os pais. Apesar disso, a opinião dos filhos tinha certo peso, podendo até cancelar a escolha dos pais. Criam que depois que se casassem o amor brotaria naturalmente pelo convívio. Existiam também as concubinas que era geralmente uma esposa secundária, geralmente era uma serva ou prisioneira de guerra. O casamento misto era proibido em defesa da família, da tribo e da pureza da raça (Dt 7:1-4). Casamentos entre membros muitos próximo da família também eram proibidos (Lv 18:6-18).

III.4. - A Festa das bodas

A festa no geral durava sete dias (Jo 2.6-10). Saindo de sua casa, ia à casa dos pais da noiva com sua melhor roupa, com grinalda na cabeça (Ct. 3:11; Is 61:10), acompanhado de um cortejo ao som de músicas e cânticos, recebendo a esposa na casa dos pais desta, com as bênçãos paternais. Nas famílias muito ricas, “vestes nupciais” eram entregues aos convidados (Mt 22.12). Os convidados estavam ali para testemunhar que o casamento havia sido consumado. Muito embora a noiva se adornasse com jóias e vestimentas bonitas (Sl 45:13), o noivo era o centro de atenção. O Salmista apresenta não a noiva (como fazem os ocidentais), mas o noivo como feliz e radiante no dia do casamento (Sl 19:5).

III.5. - Os Filhos

Estes eram considerados como grande benção, especialmente os do sexo masculino (Sl 128:3; Sl 127:4,5). Consequentemente a esterilidade era julgada como falta de favor de Deus. Pelo fato de serem os filhos varões que sustentariam os pais em sua velhice e sepultamento digno, os mesmos tinham um prestígio maior em comparação as mulheres. Esperava-se que o primogênito fosse o próximo cabeça da casa, ele possuía maior responsabilidade por seus atos e pelos atos de seus irmãos. Esperava-se que a filha ajudasse a mãe no lar.

A herança era dividida somente entre os filhos de sexo masculino, sendo que o primogênito recebia a porção dobrada dos bens. As filhas recebiam a herança somente na falta de filhos herdeiros. As filhas solteiras eram sustentadas pelos irmãos até que se casassem.

Quanto à educação, o pai era obrigado a ensinar-lhes desde cedo. Além da instrução, um ofício que lhes garantissem a subsistência, que geralmente era a mesma do pai, como aconteceu com Jesus (Mc 6:3; Mt 13:55). Quando os pais ficavam velhos, os filhos os sustentavam.

II.6. - Divórcio

O divórcio entre os hebreus era comum e permitida. A mulher não podia dar inicio ao divórcio e o homem podia pedir divórcio por argumentos dos mais diversos inclusive cozinhar mal. Jesus permitiu o divórcio no caso de adultério (Mt 19:3-9). O divórcio tinha que ser efetivado por um documento escrito, chamado “carta de divórcio”, entregue a mulher pelo marido (Dt 24:3; Mt. 19:7), assim teria o direito a um novo casamento. Dt 24:4 (NVI): “Se o segundo marido morrer, o primeiro, que se divorciou delam não poderá casar-se com ela, visto que ela foi contaminada”.

III.7. - Manifestação de luto

Os judeus em todas as ocasiões, sempre deram valor ao exterior. Por isso em todas as ocasiões, tanto nas de manifestações de luto quanto nas de alegria, eles se expressam fervorosamente. Nas festas com danças e alegria; e nos lutos com choros, batidas no peito, palavras de lamentos e outros. Existiam até as mulheres chamadas para o enterro para chorar pelo falecido.


III.8. - Saudações

No oriente as saudações eram demoradas, por isso Jesus recomendou que a ninguém saudasse pelo caminho justamente para poupar tempo (Lc 10:4). Dependendo da intimidade do com a outra pessoa, a saudação poderia ser diferente. Havia a que era sem contatos físicos, e consistia em um gesto com a mão e a frase: “Paz seja convosco”, ou “Saudações”. Havia também uma saudação para amigo ou convidado. As pessoas colocavam a mão nos ombros, abraçavam-se e davam um beijo. Judas beijou Jesus quando o traiu. Outra forma era a reverência. Ia de uma simples inflexão de cabeça a uma prostração aos pés do convidado especial (Mt 18:26).

III.9. A mulher na sociedade

O papel da mulher na sociedade judaica nos dias de Jesus era bem diferente dos que conhecemos em nossa sociedade moderna. Em comparação com os outros povos orientais, os hebreus davam privilégios e valor maior às mulheres. A mulher ocupava uma posição inferior a do homem. Era responsável principalmente pelas atividades domesticas, as únicas atividades fora de casa era a de buscar a água e ir ao mercado central. Havia muitas restrições às mulheres. Jesus deu atenção especial a elas. Ele as aceitou em seu grupo de discípulos. Ensinou verdades espirituais a elas, como a mulher samaritana (Jo 4). Deixava que as prostitutas se aproximassem Dele. Conversava com mulheres em público. Muitas delas o seguiam, e nos momentos cruciais de sua vida elas tiveram coragem de estar com ele: na sua prisão, morte e sepultamento. Jesus aparece primeiramente às mulheres, a Maria Madalena, a qual havia expulsado legiões de demônios, Joana, Maria, mãe de Tiago, e outras.


III.10. - Alimentação

A alimentação era bastante variada. A base alimentar era: Pão, leite, mel, legumes, frutas, farinha, azeite e vinho. O peixe era comum nas proximidades dos lagos e mares. Os judeus não consumiam muita carne, a mesma era mais usada em casamentos, banquetes, e festas religiosas. As carnes preferidas eram o novilho – a considerada a melhor – cujo o pai do filho pródigo matou para festejar ( Lc 15:23), cabrito ou bode – a comida mais simples, a dos pobers – a essa o irmão do filho pródigo se refere ao dizer que nem este o seu pai havia dado para ele se alegrar com seus amigos, aves, peixes e ovelha ou cordeiro.

O pão era feito geralmente do grão do trigo – também a cevada – que era moído, peneirado, transformado em massa, amassado, feito em forma de bolos, depois assado.

O vegetais eram o cardápio diário dos israelias. Menciona-se hortas em Dt 11:10 e 1 Re 21:2. Os mais comuns eram: fava, lentilha, pepino, cebola, alho, repolho e couve-flor. Também eram comuns as amêndoas e o endro. Das frutas fazemos menção de uva, passas (uvas secas em cachos 1 Cr 12:40), romã, figo (Mc 11:4), tâmaras, ameixas, pêssegos. Da azeitona fazia-se o azeite, que era a gordura mais usada para temperar a comida e fazer frituras. O sal era usado para temperar os alimentos. Mas também utilizava condimentos como mostarda, hortelã, cominho, aniz e coentro, bem como outras especiarias.

Os judeus agradeciam antes e depois da refeição ao Senhor. Geralmente a comida era servida em uma vasilha, e todos com o seu pão pegavam uma porção. Eles não utilizavam de talheres como em nossos dias. Daí a importância de se lavar as mãos antes e depois da refeição. Preparavam a refeição no quintal para evitar que a casa ficasse enfumaçada. Os fogões e fornos eram pequenos. O vinho e a água para consumo era bem armazenada e tampada, devido as muitas moscas e larvas. Em variadas circunstâncias era preciso coar os mesmos para remover as larvas e outras impurezas.

III.11. - Vestuários


Se distinguiam as vestimentas masculinas das femininas. Eram confeccionados pelos mesmos materiais, porém com estilos e formas distintas.

III.11.1. - Vestuário Masculino

A túnica era a peça básica de um judeu. Uma espécie de camisa longa, semelhante a um vestido. Era feita de lã ou de linho ou até algodão. As túnicas masculinas geralmente eram curtas e coloridas. A túnica era presa por um cinto de couro, que também servia de bolso.

O manto, também chamada de capa, era usado por cima da túnica como agasalho. Alguns fariseus usavam franjas azuis na orla de seus mantos para mostrar que guardavam a lei registrada em Nm 15:38,39. Jesus os condenou porque se tratava do desejo de exibicionismo.
Os eram as sandálias e sapatos confeccionados de couro ou pano e presa ao pé por cordões de algodão ou fitas de couro fino, os discípulos de Jesus usavam este tipo de sandálias ( Mc 6:9). Existiam também chinelos parecidos com os de nossos dias. Os pobres andavam descalços. Usavam-se também uma cobertura na cabeça de pano para proteger do sol.

III.11.2. - Vestuário Feminino

As mulheres usavam roupas muito semelhantes às dos homens. Contudo a Lei proibia estritamente a uma mulher usar qualquer coisa que se julgasse pertencer particularmente do homem. As mulheres cobriam a cabeça somente durante os cultos, não necessariamente o rosto (1 Co 11:5). Em relação aos ornamentos e enfeites, era de costume o uso de pulseiras, colares, brincos, anéis de nariz, e cadeias de ouro (Is 3:16, 18,23). O uso desses cosméticos era tão freqüente pelas mulheres naquela época que as cristãs foram advertidas a se enfeitarem com um espírito manso e tranqüilo (1 Pe 3.3,4).

III.12. - Habitação

Quando os israelitas guiados por Josué conquistaram as cidades e povoados, deixaram de morar em tendas e passaram a morar em casas feitas de tijolos de barro seco ao sol. Com o passar do tempo, a tecnologia evolui e passaram a construir com tijolos queimados em fornos. Mais tarde foi possível construir casas de alvenaria e pedras brutas. Na maioria das casas havia somente uma peça. O teto das casas era plano. E era construído colocando gravetos sobre vigas de sicômoro e unindo tudo com barro. A iluminação da casa dependia de lamparina de azeite, já que havia poucas janelas. Na maioria das casas o assoalho era de cerâmica ou barro batido. A mobília nas casas era bem prática, sem muitas peças de mobílias. Para as refeições, eles estendiam no chão uma esteira ou pele. Mesas e cadeiras eram objetos de luxo, que só as famílias ricas possuíam. Até mesmo um tamborete simples, de três pés, era uma raridade. As camas (que normalmente eram um colchão, ou então esteiras ou peles de animais) em geral eram enroladas todos os dias pela manhã, e colocadas no canto da parede.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

AS CONSTROVÉRSIAS CRISTOLÓGICAS - HISTÓRIA ECLESIÁSTICA



INTRODUÇÃO


O referido trabalho escrito tratará do tema “A controvérsia Cristológica” e tratará dos seguintes subtemas: Gnosticismo, Márcion. Montanismo, Arianismo, Cirilo, o Apolinarismo, o Nestorianismo, o Eutiquianismo, a Escola de Alexandria e a Escola de Antioquia. Sendo que em cada capitulo conterá os seguintes itens: Origem, Data de inicio, Fundador, Doutrina, Refutação bíblica e Concílio que discutiu a heresia e sua conclusão

Para a realização deste trabalho foram utilizados para pesquisa W Walker, Robert H. Nichols, H Bettenson, Olson R, e anotações em sala de aula.

O assunto já tem sido tratado por alguns autores e houve pequena dificuldade para encontrar material para pesquisa.

Este trabalho tem sua importância para o entendimento de como surgiram e se desenvolveram as principais teologias a respeito de Cristo. Teologia esta que é essencial para a salvação.


SUMÁRIO


CAPÍTULO 1 - O GNOSTICISMO

CAPÍTULO 2 – MARCION

CAPÍTULO 3 - O MONTANISMO

CAPÍTULO 4 – O ARIANISMO

CAPÍTULO 5 - CIRILO

CAPÍTULO 6 - O APOLINARISMO

CAPÍTULO 7 - O NESTORIANISMO

CAPÍTULO 8 - O EUTIQUIANISMO

CAPÍTULO 9 - A ESCOLA teológica DE Alexandria

CAPÍTULO 10 - A ESCOLA TEOLÓGICA DE ANTIOQUIA

01 - Gnosticismo



CAPÍTULO 1

I. – O GNOSTICISMO



Um grande problema que Igreja, principalmente do segundo século, enfrentou foi basicamente doutrinário, engendrado pelo movimento chamado de gnosticismo. Os líderes desse movimento questionavam a superioridade do cristianismo apostólico passado para os pais apostólicos.

Eles auto afirmavam-se ter recebido uma revelação secreta diretamente de Jesus que fora dado aos apóstolos. Dessa forma criavam um segmento separatista e elitista que desafiava a verdadeira mensagem de Cristo. Foi devido a esse embate que surgiu a necessidade da origem de uma ortodoxia teológica cristã.

I.1 – Origem

O gnosticismo se estabeleceu na primeira e mais perigosa heresia entre os cristãos primitivos. Apesar de até hoje ser uma questão extremamente polêmica, acredita-se na probabilidade de que o gnosticismo tenha surgido entre os cristãos no Egito em fins do século I e no século II, mas o gnosticismo certamente teve precursores. Alguns acreditam na influência das religiões da Índia, outros ressaltam o sincretismo religioso romano e outros acreditam nas tendências latentes da cultura e filosofia grega de modo geral, posto que rejeitavam a existência material e exaltavam a realidade espiritual.

Indícios e ecos do gnosticismo podem ser facilmente identificados em alguns dos escritos dos apóstolos. As epistolas de João, por exemplo, ressaltam que Cristo veio em carne: (2 Jo 7) “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo”. É, portanto quase certo que João já combatia o proto-gnosticismo nas congregações cristãs no século I. Paulo também combate um tipo de gnosticismo em sua Epístola aos Colossenses.

I.2 – Data de início

O gnosticismo surgiu no final do século I. No século II, Ireneu registra o embate entre o discípulo João e um eminente mestre gnóstico de Éfeso chamado Cerinto por volta de 90 a.C.

I.3 – Fundador

O gnosticismo não possui um fundador em especial. Os gnósticos do século II se dividiam em várias “escolas” (movimentos) que seguiam mestres diferentes. Ireneu catalogou vinte delas e definiu detalhadamente suas semelhanças e diferenças.

I.4 – Doutrina

Apesar das variadas correntes gnósticas existentes e suas diferentes concepções em pormenores, elas assemelhavam-se em crenças básicas quanto a alguns aspectos:

I.4.1. – Deus

Criam em um só Deus, completamente transcendente, espiritual e há muito afastado do universo criado e material, o qual não criou. O universo teria sido criado por um demiurgo.

I.4.2. – Concepção antropológica

Os seres humanos são da mesma essência de Deus. Eles seriam centelhas divinas separadas de Deus e aprisionadas em corpos físicos, do qual deveriam escapar.

I.4.3. – Quanto à Criação e a Queda

Segundo os gnósticos, a Queda e a Criação do homem seriam a mesma coisa. Ou seja a Criação seria o próprio o aprisionamento do espírito na matéria – que é o entendimento distorcido de Queda. O motivo do pecado é exatamente essa ignorância da verdadeira habitação do espírito na carne.

I.4.4. – Soteriologia

Quanto à soteriologia, acreditavam que o homem seria salvo pelo conhecimento ou autoconhecimento. Para eles salvação seria o retorno ao lar dos espíritos, que estariam presos nesta terra pela matéria – uma evasão da criação. Por ignorarem a encarnação, a missão de Cristo como mensageiro da divindade era a de apenas revelar uma mensagem aos espíritos.

I.4.5. – Cristologia

Em relação à Cristo, criam que ele era o um mensageiro celestial, enviado por Deus. Era ponto pacifico no gnosticismo concordar que Cristo é um redentor celestial e espiritual que não se tornou carne e sangue e nem ressuscitou fisicamente da morte. Portanto, os gnósticos rejeitavam totalmente Cristo como Deus encarnado. Essa idéia era considerada anti-espiritual e contrária à verdadeira sabedoria.

Entretanto, é importante ressaltar quanto ao que tange à natureza de Cristo, havia um ponto de discórdia. Eles se dividiam em duas crenças diferentes: o docetismo e o dualismo.

I.4.5.1 – Docetismo

Os docetistas firmavam que Cristo apareceu na pessoa de Jesus mas que Jesus nunca foi um ser humano físico. Essa cristologia é conhecida como docetismo porque se origina da palavra grega “dokeô” que significa parecer. Portanto, Jesus apenas tinha a aparência de um ser humano.

I.4.5.2 – Dualismo

O segundo pensamento também corrente no gnosticismo era chamado de dualismo. De acordo com esses gnósticos, Cristo entrou no corpo do homem Jesus no batismo e o abandonou pouco antes de sua morte, deixando morrer lá somente o corpo o qual utilizara.

I.5 – Refutação bíblica

I.5.1. – Deus é criador e sustentador do Universo

Gn 1:1,2: “No princípio criou Deus (Elohim = Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo) os céus e a terra. A Terra, porém, era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”.

Hb 1:3: “O qual (Filho), sendo o resplendor da sua glória (do Pai), e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder”.

I.5.2. – Concepção antropológica

I.5.2.a. – O homem foi criado do pó da terra e Deus soprou nele o seu espírito, o qual lhe deu vida:

Gn 2:7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o homem foi feito alma vivente”.

I.5.2.b. – O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. (Em geral diz respeito à moralidade, caráter, livre-arbítrio e à imagem do Cristo pré-existente que haveria de vir):

Gn 1:26-29: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”.

I.4.3. – Refutação quanto à Criação e a Queda:

Como já foi refutado, Deus criou todas as coisas. A Bíblia diz que a queda foi devido à desobediência do homem à ordem de Deus, dessa forma o pecado entrou no mundo:

Rm 5:12 “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim, também, a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”.

I.5.4. – Soteriologia

I.5.4.1. – A salvação é pela graça mediante a fé em Cristo.

Ef 2:5,8: “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”.

I.5.5. – Cristologia (Docetismo e Dualismo)

I.5.5.1. – Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Verbo (Logos) encarnado:

Jo 1:14: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

2 Jo 7: “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo”.

At 5:30: “Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro”.

I.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão

No Concílio de Nicéia, em 325, as heresias do gnosticismo foram condenadas e foi estabelecida as doutrinas ortodoxas da cristologia.

02 - Marcião

CAPÍTULO 2

II – Marcião

II.1 – Origem

O movimento separatista que liderado por Marcião, surgiu devido suas fortes influências advindas do gnosticismo e seu errôneo entendimento acerca do Velho Testamente e de Jesus. Marcião era natural de Sinopse, Ásia Menor e transferiu-se para Roma em 139. Filiou-se a congregação romana, contudo logo se separou da mesma e fundou uma seita sob doutrinas biblicamente incoerentes, a qual congregou membros de várias regiões do Império Romano.

II.2 – Data de inicio

Aproximadamente 139

II.3 – Fundador

Marcião (ou Marción)

II.4 – Doutrina

Marción, angustiado pelo problema do mal e do sofrimento, veio a adotar a idéia de um dualismo radical que contrastava o Deus deste mundo com o Deus de misericórdia revelado em Jesus. Considerava o Deus do Velho Testamento não mais totalmente mal, mas fraco. Marcião atacava todo tipo de judaísmo e legalismo afirmando que Paulo era o único apóstolo que tinha realmente entendido o evangelho. O Deus do Velho Testamento é um deus justo no sentido de “olho por olho, dente por dente”. Esse Deus criou o mundo e deu a lei judaica e o “Deus justo” tornou-se injusto por causa de sua hostilidade injustificada àquele que revelara o “Deus bom”. Por conseguinte, o Antigo Testamento e o seu Deus tem de ser rejeitado pelos cristãos.

Cristo proclamou um evangelho que diferia do Deus do Antigo Testamento. Ele pregou o amor e a misericórdia. Portanto o único conhecimento verdadeiro é o que provém de Cristo.

Sobre os conceitos de vida cristã de Marcião, por ele ser gnóstico, considerava o mundo material como mal. Dessa forma, seria necessário então adotar uma vida de ascetismo: atos como comer carne e práticas sexuais ilícitas era condenável, uma vez que só agradariam ao deus-criador desse mundo material.

Foi excomungado pela Igreja Católica em 144 por suas constantes exigências à Igreja para uma reforma para o que ele considerava como verdadeiro evangelho. Após ser excomungado, organizou sua igreja e compilou um cânon com dez epístolas paulinas (omitindo as pastorais) e do Evangelho segundo Lucas, mutilando as passagens que subentendessem que Cristo considerava o Deus do Antigo Testamento seu Pai, ou onde de alguma maneira se relacionava com ele. Em sua teologia ele negava diretamente a encarnação real.

II.5 – Refutação bíblica

II.5.1 – Sobre o cânone do Velho e Novo Testamento:

Lc 24:44: E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos.

II Pe 3:16: “Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”.

II.5.2 – Encarnação

2 Jo 7: “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo”.

Jo 10:30: “Eu e o Pai somos um”

II.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão

No Concílio de Nicéia, em 325, as heresias de Montano foram condenadas.

03 - Montanismo

CAPÍTULO 3

III – O Montanismo

III.1 – Origem

Os líderes eclesiásticos do segundo século se preocuparam por muito tempo com a ameaça do gnosticismo, porém paralelamente eles tinham que enfrentar um outro movimento desafiador, que se caracterizava pelo fanatismo: o Montanismo. Seus partidários o chamavam de Nova Revelação e Nova Profecia e seus oponentes o chamavam de montanismo por causa do nome do fundador e principal profeta: Montano. Esse movimento cresceu tanto que em meados do ano 160 d.C. em muitas cidades do Império Romano havia duas igrejas cristãs: a que seguia um líder da sucessão apostólica e outra que seguia a Nova Profecia de Montano

III.2 – Data de início

Ano de 155 d.C.

III.3 – Fundador

O fundador desse movimento foi Montano; um sacerdote pagão da região da Ásia Menor chamada Frigia que se converteu ao cristianismo em meados do século II.

III.4 – Doutrina

Montano não deixou nenhuma biblioteca como os gnósticos. Tudo o que se sabe dele é através dos escritos dos Pais Apostólicos que combatiam esse movimento e de Eusébio no século IV. Sua principal doutrina era a rejeição da autoridade especial dos bispos como herdeiros dos apóstolos, e dos escritos apostólicos. Além disso ele também acusava os líderes cristãos e suas igrejas de mortos espiritualmente e reivindicava “Nova Profecia” com todos os sinais e milagres dos dias ideais da igreja primitiva no Pentecostes.

Para os bispos e líderes das igrejas o problema não estava na crítica por um avivamento, mas sim a sua auto-identificação como Porta-voz do Espírito Santo e sua escatologia extravagante. Nela ele dizia que o reino celestial de Cristo seria instaurado brevemente em Pepuza, na Frigia e ele teia um lugar de proeminência nesse reino. Ele defendia também como pré-requisito para entrar nesse reino, uma vida ascética rigorosa (proibição do casamento e das relações sexuais e jejuns severos). Valorizava os dons carismáticos e vozes inspiradas como a dele, equiparando-as à Voz de Deus. Em certa ocasião, o Espírito Santo supostamente falou através de Montano a respeito dele próprio: “Eis que o homem [Montano] é semelhante a uma lira e eu toco as cordas como um plectro. O homem dorme e eu vigio. Vejam! É o Senhor que move o coração do homem”.

O Montanismo além de desconsiderar os Escritos Bíblicos e os bispos da sucessão apostólica, acusava os líderes oficiais da igreja de prenderem o Espírito num livro, ao limitar a inspiração divina aos Escritos apostólicos.

Montano e seus seguidores foram excomungados da Igreja, e passou a ser violentamente perseguido pelo Imperador.

Numa reação contra os excessos e reivindicações exclusivistas de Montano e de seus seguidores, os líderes da igreja procuraram se apoiar cada vez menos em manifestações verbais sobrenaturais, como línguas, profecias e outros dons, sinais e milagres sobrenaturais do Espírito. E essas manifestações passaram a ser, injustamente, tão identificadas com Montano e o cisma montanista que infelizmente quase se extinguiram sob a pressão de bispos temerosos e dos imperadores cristãos posteriores.

III.5 – Refutação bíblica

2 Tm 3:15-16: “Desde a infância sabes as Sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”.

1 Jo 4:1: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.

III.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão

No Concílio de Constantinopla os montanistas foram considerados pagãos.

04 - Arianismo

CAPÍTULO 4

IV – Arianismo

IV.1 – Origem

Esse movimento herético nasceu em Alexandria tendo como seu precursor Ário. Ele liderou uma pequena rebelião de cristãos contra Alexandre, bispo de Alexandria, depois de ouvi-lo pregar um sermão que considerava muito próximo do sabelianismo.

IV.2 – Data de inicio

Temos o ano de 325 d.C. Mas também podemos considerar 318 d.C. data de um protesto de Ário de cunho teológico pelas ruas de Alexandria. Neste protesto, Ário iniciava o desafio de discussão teológica sobre suas idéias, as quais divulgava abertamente e convencia a muitos dos crentes alexandrinos.

IV.3 – Fundador

Ário é o fundador deste movimento. Talvez tenha nascido na região da África do Norte onde atualmente está a Líbia. Estudou na escola catequética cristã em Antioquia e foi aluno do teólogo influente Luciano de Antioquia, que foi influenciado pelo bispo herético Paulo de Samosata.

IV.4 – Doutrina

A doutrina do arianismo relacionava-se diretamente quanto à natureza da Trindade e do Filho de Deus. Sua doutrina tinha suas bases em Orígenes que havia deixado lacunas na doutrina a respeito da subordinação do Logos ao Pai.

Ário e seus seguidores exploraram o argumento de que, se Jesus Cristo é a encarnação do Logos e se o Logos é divino no mesmo sentido que Deus Pai é divino, a natureza de Deus seria alterada pela vida humana de Jesus no tempo e Deus teria sofrido através dele. Como isso era impossível, argumentavam que o Logos que encarnou em Jesus Cristo não era totalmente divino, mas uma criatura grandiosa e glorificada.

Dessa forma Jesus Cristo era uma grandiosa criatura de Deus, o Logos, que tinha um começo no tempo e permanecia para sempre subordinado ao Pai, não somente quanto à função, mas também quanto ao próprio ser.

Ário passou a desafiar abertamente o bispo Alexandre, ensinando os cristãos de alexandrinos que o Filho de Deus era uma criatura e não um ser igual ao Pai. Disse que a diferença entre o Filho e o Pai estava no fato de que este era eterno e imutável e aquele – o Logos – fora criado antes do mundo e era passível de mudança e de sofrimento. Para defender seus pensamentos, apelava às passagens bíblicas nos Profetas e Apóstolos que dizem que o Verbo de Deus está sujeito a deus e que Jesus Cristo é submisso ao Pai.

IV.5 – Refutação bíblica

Segundo Langston: “Ao invés de estudar toda a questão Ário estudou apenas a parte que se refere à personalidade de Jesus enquanto estava aqui na terra, e naturalmente, a sua idéia era imperfeita e parcial”. Ele confundia o estado de humilhação com o estado original. (LANGSTON, A.B. Esboço de Teologia Sistemática, 1999, pg. 180):

Jo 1:1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

Jo 1:14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

1 Tm 3:16: “E sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne”

IV.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão

O Concilio de Nicéia, o primeiro concílio ecumênico condenou as idéias de Ário e o depôs de seu cargo de presbítero. Porém suas idéias e causou graves embates eclesiásticos e políticos por ainda séculos seguintes.

05 - Cirilo

CAPÍTULO 5

V – Cirílo

V.1 – Origem

As profundas diferenças teológicas entre as Escolas de Alexandria e Antioquia chegaram a se expressar agudamente em 428 quando Cirílo acusou Nestório, patriarca de Constantinopla, de herege, por insistir que Jesus Cristo possuía além de duas naturezas duas pessoas para cada natureza. Cirílo estava decidido a reconhecer a unidade pessoal de Cristo que, em sua opinião, Nestório pusera em jogo com sua distinção excessiva entre as naturezas humanas e divina.

V.2 – Data de inicio

428

V.3 – Fundador

Cirílo, Patriarca de Alexandria

V.4 – Doutrina

Afirmou uma união hipostática (ou pelo menos suas idéias básicas), em que a humanidade e a divindade de Cristo são vistas como duas naturezas distintas e inseparáveis. Ocorreu alguma confusão porque ele usava physis para referir-se ao Logos divino, mas não à humanidade de Cristo. Para não dividir as duas naturezas de Cristo, como fez Nestório, ele enfatizou que a unidade da pessoa em Cristo, de modo que somente o Logos divino é verdadeiramente pessoal e ativo nele, assim, ou Cristo não tinha um centro pessoal humano de consciência e de vontade ou era inativo. Tal ênfase e tais formulações abriram caminho para a posição monofisista com Êutico, que veio a predominar na teologia alexandrina depois da sua morte.

A discussão de Nestório e Cirilo foi tratada no Concilio de Éfeso. Vale ressaltar entretanto, que essa discussão não foi encerrada ali. O que se fez foi dar credos negativos que resguardariam a doutrina dos hereges, contudo faltou uma explicação positiva, o qual ficou considerando-se apenas um mistério.

Na contraposição de Cirilo contra Nestório, Cirilo reafirma o termo Teótokos relacionado à Maria, e não somente Cristótokos, como afirmava Nestório. Assim, para Cirilo reafirmar a união das duas naturezas em uma só pessoa, atribuiu à Maria o título de Mãe de Deus, o qual trouxe o status de tal e se tornaria um problema posteriormente à Igreja, fazendo-a cair numa progressiva mariolatria.

V.5 – Refutação bíblica

Lc 2:52: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens”.

Lc 23:46: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou”.

V.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão

O Concílio de Éfeso