quarta-feira, 24 de junho de 2009

03 - Montanismo

CAPÍTULO 3

III – O Montanismo

III.1 – Origem

Os líderes eclesiásticos do segundo século se preocuparam por muito tempo com a ameaça do gnosticismo, porém paralelamente eles tinham que enfrentar um outro movimento desafiador, que se caracterizava pelo fanatismo: o Montanismo. Seus partidários o chamavam de Nova Revelação e Nova Profecia e seus oponentes o chamavam de montanismo por causa do nome do fundador e principal profeta: Montano. Esse movimento cresceu tanto que em meados do ano 160 d.C. em muitas cidades do Império Romano havia duas igrejas cristãs: a que seguia um líder da sucessão apostólica e outra que seguia a Nova Profecia de Montano

III.2 – Data de início

Ano de 155 d.C.

III.3 – Fundador

O fundador desse movimento foi Montano; um sacerdote pagão da região da Ásia Menor chamada Frigia que se converteu ao cristianismo em meados do século II.

III.4 – Doutrina

Montano não deixou nenhuma biblioteca como os gnósticos. Tudo o que se sabe dele é através dos escritos dos Pais Apostólicos que combatiam esse movimento e de Eusébio no século IV. Sua principal doutrina era a rejeição da autoridade especial dos bispos como herdeiros dos apóstolos, e dos escritos apostólicos. Além disso ele também acusava os líderes cristãos e suas igrejas de mortos espiritualmente e reivindicava “Nova Profecia” com todos os sinais e milagres dos dias ideais da igreja primitiva no Pentecostes.

Para os bispos e líderes das igrejas o problema não estava na crítica por um avivamento, mas sim a sua auto-identificação como Porta-voz do Espírito Santo e sua escatologia extravagante. Nela ele dizia que o reino celestial de Cristo seria instaurado brevemente em Pepuza, na Frigia e ele teia um lugar de proeminência nesse reino. Ele defendia também como pré-requisito para entrar nesse reino, uma vida ascética rigorosa (proibição do casamento e das relações sexuais e jejuns severos). Valorizava os dons carismáticos e vozes inspiradas como a dele, equiparando-as à Voz de Deus. Em certa ocasião, o Espírito Santo supostamente falou através de Montano a respeito dele próprio: “Eis que o homem [Montano] é semelhante a uma lira e eu toco as cordas como um plectro. O homem dorme e eu vigio. Vejam! É o Senhor que move o coração do homem”.

O Montanismo além de desconsiderar os Escritos Bíblicos e os bispos da sucessão apostólica, acusava os líderes oficiais da igreja de prenderem o Espírito num livro, ao limitar a inspiração divina aos Escritos apostólicos.

Montano e seus seguidores foram excomungados da Igreja, e passou a ser violentamente perseguido pelo Imperador.

Numa reação contra os excessos e reivindicações exclusivistas de Montano e de seus seguidores, os líderes da igreja procuraram se apoiar cada vez menos em manifestações verbais sobrenaturais, como línguas, profecias e outros dons, sinais e milagres sobrenaturais do Espírito. E essas manifestações passaram a ser, injustamente, tão identificadas com Montano e o cisma montanista que infelizmente quase se extinguiram sob a pressão de bispos temerosos e dos imperadores cristãos posteriores.

III.5 – Refutação bíblica

2 Tm 3:15-16: “Desde a infância sabes as Sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”.

1 Jo 4:1: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.

III.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão

No Concílio de Constantinopla os montanistas foram considerados pagãos.

Um comentário:

Jornal Tocha da Verdade disse...

Caro Alexandre, fiz uma leitura de seu texto e percebi uma forte influência de Eusébio de Cesareia. Ao analisar o movimento Montanista, faz-se necessário buscar outras fontes históricas e dos Pais da Igreja (Irineu, Jerônimo, Tertuliano). Sugiro que você procure entender melhor o contexto no qual estava inserida a Igreja para que isso o faça entender a emergência dos montanistas. Há um problema explícito quanto a questão da sucessão apostólica. Na verdade, há mais uma luta pelo poder prestes a se institucionalizar do que propriamente dar seguimento ao ideal do bispado pretendido pelos apóstolos, principalmente daquela recomendação de Paulo quando de sua despedida em Mileto dos anciãos de Éfeso. Os montanistas tem uma importância grandiosa e devem ser melhor compreendidos. Quem desestabiliza comentários contra é principalmente Tertuliano de Cartago, Pai latino, que cumpriu mais da metade de sua carreira cristã como Montanista. Em alguns tratados desqualifica muitos dos argumentos que se opõem a Montano, Maximila e Priscila.
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Abraços,

Heládio Santos