quarta-feira, 24 de junho de 2009

II – AS IGREJAS COM QUE PAULO SE CORRESPONDEU NAS CARTAS: Fundação, contexto histórico e principais problemas

CAPÍTULO 2

II – AS IGREJAS COM QUE PAULO SE CORRESPONDEU NAS CARTAS NEOTESTAMENTÁRIAS

II.1 – Roma

II.1.1 – Fundação

Algumas tradições cristãs tendenciosas tentam atribuir a fundação desta igreja tanto à ele quanto a Pedro. Porém tais informações são infundadas. Fato é que Paulo, ao referir-se à igreja de Roma em sua carta aos romanos sugere que tal igreja já existia há algum tempo quando escreve-lhes a carta. Pedro também estava em Jerusalém ao tempo da conferencia narrada em At 11:27, além do mais em nenhum lugar há referencia desta atribuição a qualquer deles. O martírio dos dois sim, certamente há de ter ocorrido em Roma.

A formação da igreja cristã em Roma é bem provável que tenha surgido logo após o Sermão de Pedro no Pentecostes (At 3) em que os judeus convertidos tenham montado uma espécie de núcleo de cristãos. As seguidas perseguiçõe­s em Jerusalém somente contribuíram para o crescimento da Igreja, pois os crentes iam pra lá onde podiam viver uma vida tranqüila em meio à multidão de pessoas. Essa igreja posteriormente iria assumir expressivo zelo doutrinário e liderança frente às outras igrejas.

II.1.2 – Contexto histórico

A formação da igreja romana por judeus convertidos desde seu primeiro momento, não poderia deixar de tender em alguns momentos para o judaísmo, principalmente devido sua falta de ensino diretamente apostólico. O motivo da carta aos romanos não foi apenas de motivo didático, mas, sobretudo apologético. Pois havia judaizantes que atuavam na cidade de Roma, os quais sentiam obrigação ante as leis cerimoniais mosaicas, bem como ante o conceito de salvação através de obras, formalidades e ritos religiosos. Os elementos presente na igreja romana não era menos ameaçador do que da igreja da Galácia.

II.1.3 – Problemas

Os problemas doutrinários enfrentados na igreja romana eram concernentes à justificação pela fé e à transformação dos santos segundo a imagem de Cristo. Havia também problemas práticos em relação a uma igreja local mundana, e Paulo como era de se esperar precisa fazer uma defesa contra os judaizantes.

II.1.2 – Corinto

II.2.1 – Fundação

A igreja de Corinto foi fundada por Paulo após ter passado uma situação desanimadora em Atenas, por não ter dado muitos frutos (1 Co 2:3). Ficou em Corinto na companhia de Priscila e Áquila, cristãos romanos que fugiam da perseguição de Cláudio na capital do Império. Essa igreja então teve inicio na casa deles e logo tiveram outros pastores como Timóteo e Silas. Paulo sofreu risco de vida devido a perseguição que se intensificou ali, e Gálio foi usado por Deus para preservar o apóstolo em segurança. Paulo permaneceu em Corinto durante dezoito meses, depois Apolo chegou e foi auxiliado por Priscila e Áquila a desenvolver seus dons ali.

II.2.2 – Contexto histórico

O Apóstolo Paulo escreveu esta carta após ter chegado a Éfeso, e recebido o recado da família de Cloé (1 Cr 1:11) que havia surgido facções no meio da igreja dos coríntios, onde cada uma atribuía seu suposto líder como Paulo, Pedro, Apolo e Jesus Cristo. Estéfanas, Fortunato e Acaico provavelmente levaram essas informações à Paulo. É também pela demanda dos crentes de Corinto ao pedir-lhe conselhos acerca de varias questões que estavam sendo debatidas entre eles.

II.2.3 – Problemas

Que os problemas da igreja coríntia eram além de diversos, idiossincráticos, qualquer leitor da bíblia atencioso poderá notar. Primeiramente a conduta ética comum em Corinto, evidenciada pelos próprios costumes da cidade, encontrara algum apoio na igreja mescla de princípios pagãos e cristãos. Além disso, havia ataque dos legalistas, dos falsos mestres e dos detratores de Paulo que atacavam a sua idoneidade moral e autoridade apostólica.

II.3 – galácia

II.3.1 – Fundação

Se considerarmos que a Região à qual o Apostolo Paulo se dirige é a chamada Galácia do Sul (formada por Listra, Derbe, Antioquia e Icôneo), a narração da fundação desta igreja se encontra bem detalhada por Lucas em Atos 16:6, 18:23 e 19:1). Ali existia uma grande comunidade judaica e ela realmente parece ter tentado impor o “legalismo” à igreja, principalmente por aqueles judeus convertidos que ainda não haviam compreendido bem os ensinos apostólicos. Como a primeira viagem missionária ocorreu antes do primeiro concílio em Jerusalém, após esse concilio, Paulo parece ter ido à Antioquia da Síria para resolver o problema legalista.

II.3.2 – Contexto histórico

Os gálatas haviam caído da graça. A influência do legalismo lavaram-lhes a desconsiderar a graça de Deus e trouxe de volta a guarda de certos preceitos da lei como a circuncisão e guarda de ritos judaicos. Os levantes vinham também do lado dos gentios trazendo o pensamento libertino de que o que acontece na carne não reflete no espírito. Essas duas facções competiam entre eles com tamanha veemência que Paulo os acusa de ambição egoísta e covardia (Gl 4:16,17 e 6:12,13).

II.3.3 – Problemas

Para os líderes hereges lograrem êxito nos seus empreendimentos ambiciosos egoísticos, eles desafiavam a autoridade apostólica de Paulo, acusando-o de pelo fato de não ter sido testemunha ocular de Cristo, ele havia entendido mal os seus ensinamentos. Defendiam suas autoridades ligando-as às suas cartas das colunas Pedro, Tiago e João em Jerusalém, e diziam que as obras da Lei como a observância das festividades e a circuncisão eram necessárias alcançarem à justificação e à salvação contradizendo a pregação da justificação somente pela fé, devido a Sua graça. Somente após o primeiro concilio em Jerusalém Paulo conseguiu redobrar ânimos para combater o legalismo que havia se instalado na região.

II.4. – éfeso

II.4.1 – Fundação

A igreja nasce em Éfeso por volta de 50 d.C. Provavelmente a Igreja foi fundada por Priscila e Áquila. Paulo permaneceu em Éfeso (At 19) e prega naquele lugar a muitos discípulos que haviam conhecido apenas o batismo de João depois de batizar-lhes em o nome do Senhor Jesus. Após isso Paulo impõem as mão sobre eles e o Espírito Santo vem sobre eles e eles falam em outras línguas e profetizam. É notável que já existia uma igreja nascendo ali quando ele ali chega, mas seu trabalho em Éfeso foi de grande impacto, bem como disseram seus opositores: “E bem vedes e ouvis que, não só em Éfeso, mas até quase em toda a Ásia, este Paulo tem convencido e afastado uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos” (At 19:26).

O Apóstolo Paulo teve lugar de importante valor na edificação desta influente Igreja da Ásia, Paulo relembra os líderes da Igreja ao despedir-se deles: “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós”. (At 20:31 ) e também: “nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo (At 20:19,20)

II.4.2 – Contexto histórico

Os crentes da Igreja de Éfeso e seus líderes tiveram grande privilégio de ter aprendido por tanto tempo a Palavra através do Apóstolo Paulo e outros líderes idôneos como Apolo, que era versado em todo o Velho Testamento, apresentando-lhes o cumprimento da Lei e dos Profetas no Messias. Porém nem por isso esteve livre dos assédios dos líderes gnósticos e judaizantes. Paulo então em seu zelo por todas as Igrejas de Deus se coloca na brecha como defensor do evangelho de Cristo exortando os irmãos na doutrina da salvação pela fé e do fiel procedimento cristão.

II.4.3 – Problemas

Divisão entre judeus e gentios na igreja devido a questões doutrinarias relacionadas à justificação pela observação da Lei frente à graça. O gnosticismo tentava se infiltrar na igreja, fato este comprovado pela cristologia elevada de Paulo abordada na carta que leva o nome da Igreja. A igreja também precisava compreender como a eles deveriam proceder nesse mundo pecaminoso tendo em vista os propósitos eternos de Deus na sua eleição em Cristo.

II.5. – Filipos

II.5.1 – Fundação

A igreja cristã de Filipe teve sua origem com os próprios esforços do apostolo Paulo, durante a sua chamada segunda viagem missionária, conforme o registro de Atos 16:12-14. Tendo ouvido o chamado numa revelação: “passa a Macedônia e ajuda-nos” (Atos 16:9), Paulo alterou os seus planos tencionados de continuar labutando na Ásia Menor; e foi assim que nasceu a missão evangelista européia e a igreja cristã no continente europeu. Posto que a segunda viagem missionária tem sido datada entre 48 e 51d.C., a visita à cidade de Filipos teria tido a necessidade de ocupar a porção inicial desse período.

II.5.2 – Contexto histórico

Os crentes de Filipos eram fiéis colaboradores do ministério de Paulo. Fato este comprovado pelos agradecimentos de Paulo à igreja, pela ajuda em momento oportuno. No teor da própria epístola aos Filipenses há evidencias que sugerem que os crentes de Filipos vinham sendo perseguidos, e que precisavam de encorajamento. Por essa razão Paulo os animou a se manterem firmes, dando testemunho vivo em prol de Cristo (Fl 1:27, 4:1 e 2:15).

II.5.3 – Problemas

A igreja estava passando pelo problema do legalismo por parte de facções farisaicas. Alguns crentes estavam orgulhosos por seu “nível avançado de espiritualidade”, Paulo exorta então os irmãos à humildade e à unidade no Corpo de Cristo.

II.6. – Colosso

II.6.1 – Fundação

Evidentemente Paulo não foi o fundador da igreja de Colossos, segundo se depreende de Colossenses 1:4 e 2:1, passagens que subtendem que ele não conhecia pessoalmente a maior parte de seus leitores, isso sugere que ele nem mesmo passou por lá. O evangelho chegou até eles provavelmente ainda quando Paulo vivia em Éfeso (Atos 19:10); e isso talvez mediante os serviços de Epafras (filho na fé de Paulo) que era colossense (Cl 1:7 e 4:12,13). É presumível que o desejo que Paulo tinha de visitá-los tenha se cumprido em algum tempo posterior (Fm 12). Provavelmente Filemon era responsável pela igreja em Colossos e seu escravo Onésimo fazia parte da mesma.

II.6.2 – Contexto histórico

A integridade doutrinária da igreja de colossos estava sofrendo com a penetração de heresias gnóstica. As idéias exatas não são possíveis de serem a nós completamente definidas, mas podemos concluir que era uma espécie de um gnosticismo primitivo. Sobre o tipo de gnosticismo que prevalecia ali podemos distinguir os elementos principais a seguir:

Era dada grande importância aos seres angelicais “aeons” (emanações de Deus) e a encarnação do Verbo era substituída por uma consideração de Jesus como apenas mais um “aeons” dotado de uma missão terrena. Ignoravam a divindade de Cristo acima dos outros seres angelicais e desconsideravam a encarnação. Assim pensavam pois entendiam a maldade inerente à matéria, e seria inconcebível um mensageiro de Deus se misturar com o mal.

Os gnósticos criam que o desígnio do sistema cósmico é destruir toda a matéria, incluindo o corpo físico, visto que a matéria seria o principio mesmo do mal. Poderíamos cooperar com esse desígnio se abusássemos do corpo, o que poderia ser feito através do ascetismo ou da licenciosidade extremados. Os gnósticos de Colossos haviam escolhido esse ascetismo enquanto gnósticos de outros lugares adotariam a licenciosidade como meio.

Os gnósticos era um misticismo basicamente oriental, apresentado como filosofia, jactanciando-se como uma filosofia superior. O seu misticismo se demonstra falso pois desprezava Cristo como centro (Cl 2:4,8,18), portanto não produziam mudanças morais. Tais gnósticos supunham-se “fora” das questões morais, devido às suas visões e êxtases.

Vale-se ressaltar ainda que eles também tinham o cerimonialismo mosaico para o aperfeiçoamento do fiel. Os ritos iam de restrições dietéticas, jejuns e provisões retualistas interinaveis. Eram vegetarianos e celibatas. Suas doutrinas pregavam restrições como: “não provar, não manusear”, subtendendo restrições sexuais.

II.6.3 – Problemas

O problema da igreja de colossos era que os crentes estavam deixando-se seduzir pelos hereges gnósticos, pelo misticismo oriental e ritualismo cerimonial mosaico.

II.7. – Tessalônica

II.7.1 – Fundação

A história da fundação da igreja em Tessalônica é encontrada em At 17:1-4. Neste texto podemos conferir que Paulo funda aquela igreja durante a sua segunda viagem missionária. Um fato importante ocorrido na implantação da evangelho ali é a partida repentina de Paulo, Silas e Timoteo devida severas perseguições que eles sofreram por parte dos judeus incrédulos. Outro fato notável na implantação da igreja é que o grupo de missionários se sustentou através de um trabalho manual árduo, já que aquela área não gozava de economia tranqüila, pois haviam acabado de passar por um período de fome, em suma a vida ali não era fácil.

Essa retirada precipitada de tais missionários deixou os membros da igreja tessalonicense com um alicerce da fé meio fraco nas questões principalmente concernentes às questões escatológicas. Os primeiros membros dessa igreja foram os gentios, os quais tinham abandonado os ídolos para abraçar a fé em Cristo. A comunidade de judeus convertidos era tímida e os judeus incrédulos ficaram enciumados com a quantia de gregos e de mulheres das melhores classes sócias terem se convertido.

II.7.2 – Contexto histórico

O fato de Paulo ter sido obrigado a deixar Tessalônica abruptamente devido a severa perseguição por parte dos judeus incrédulos Paulo, provocou uma certa defasagem na completude do ensino do evangelho à igreja emergente. Paulo iniciou o ensino sobre a “parousia” e também sobre a ética cristã aos gentios, contudo restaram dúvidas a esse respeito no seio da igreja. Por isso Paulo no primeiro momento envia Timóteo à igreja e fica contente em ver o progresso da igreja. Entretanto fica preocupado que os novos convertidos desanimem na fé devido às perseguições que estavam sofrendo.

Portanto, a primeira carta escrita por Paulo gira em torno do relatório que Timóteo havia lhe passado. Ele se ocupa nas necessidades mais latentes da igreja: mudança quanto à lassidão nas questões sexuais, questões sobre a “parousia” e procura também esclarecer questões morais gerais para que eles pudessem dignamente suas vidas de acordo com a vocação para qual foram chamados.

II.7.3 – Problemas

Os problemas eram basicamente doutrinário relacionado às confusões a respeito da segunda vinda de Cristo. Muitos crentes estavam achando que Cristo estava tão às portas que estavam abandonando suas atividades seculares como o trabalho. Outro problema foram os levantes contra a sua idoneidade por parte dos judeus incrédulos. Em 1 Ts 2:1-12 Paulo se defende de várias acusações, como se ele fosse insincero e usasse de palavras de lisonja a fim de obter suas finalidades como se fosse mercenário e impuro. Paulo refuta tal acusação ao lembrar-lhes de seu procedimento irrepreensível e sinceridade de quando andou no meio deles.

Nenhum comentário: