quarta-feira, 24 de junho de 2009

09 - Escola Teológica de Alexandria




CAPÍTULO 9

IX – A Escola de Alexandria




Apesar do Concílio de Constantinopla haver declarado em 381 que a verdadeira ortodoxia cristã necessariamente inclui a crença de que Jesus Cristo era e é verdadeiramente Deus tanto quanto humano – consubstancial com Deus-Pai e com os seres humanos, certas outras questões e problemas doutrinários não ficaram totalmente resolvidos. Logo surgiu uma discussão entre os bispos e teólogos de Alexandria e Antioquia a respeito da natureza do Deus-homem, Jesus Cristo. Todos concordavam na encarnação do Verbo, porém a questão passou a ser a seguinte: como os cristãos devem explicar e expressar a humanidade e a divindade de Cristo? A igreja precisava explicar esse mistério de forma a anular lacunas para os ensinos heréticos. A rivalidade entre as duas cidades demonstrará como ela criou a base para o debate cristológico.





IX.1 – Origem



Alexandria recebeu esse nome em homenagem a Alexandre, o Grande e, nos tempos de Cristo, esta cidade foi um próspero centro de educação, cultura, negócios e comércio. Suas reservas de ouro e de cereais eram maiores do que as de Roma e sua grandiosa biblioteca e museu serviam de núcleo para uma universidade da Antiguidade, onde filósofos e estudiosos religiosos provenientes dos confins mais distantes do mundo.




Alexandria era invejada por muitas outras cidades e, por sua vez, invejava Constantinopla, a nova capital do Império de Constantino e seus herdeiros. Assim como Antioquia, Alexandria queria dominar a igreja de Constantinopla, pois quem tivesse influência junto ao bispo de Constantinopla teria influência sobre toda a cristandade em virtude da corte imperial. Daí a intenção de fazer com que seus “filhos prediletos” subissem a altos cargos a fim de promover seu estilo de teologia. Portanto muito antes das tensões teológicas os líderes cristãos já se olhavam com desconfianças por questões políticas.



IX.2 – Data de início

A escola de Alexandria tem como referência de sua data de surgimento com Panteno. Panteno foi um filósofo estóico que se converteu ao cristianismo e permaneceu na direção de uma escola catequética famosa. A escola de Alexandria veio a adquirir proeminência com seu discípulo e sucessor Clemente (215 d.C.), que se tornou presbítero da igreja de Alexandria. A data de referência do surgimento pode ser datada em 205.





IX.3 – Fundador

Panteno



IX.4 – Doutrina



O pensamento teológico da escola de Alexandria tinha suas características singulares:



IX.4.1 – Sua Hermenêutica:



A interpretação bíblica da escola alexandrina foi estabelecida nas heranças de Filo, teólogo e estudioso bíblico judaico, que acreditava que as referências literais e históricas das Escrituras hebraicas tinham pouca importância. Ele acreditava que descobrir e explicar o significado alegórico ou espiritual das narrativas bíblicas caracterizava-se no maior objetivo do exegeta. Filo acreditava que, mediante a interpretação alegórica, poderia demonstrar a união subjacente entre o pensamento ético e filosófico grego e a religião hebraica. Sua forma de hermenêutica influenciou vários pensadores cristãos da época como Clemente e Orígenes.

Os alexandrinos justificavam esse método de interpretação apelando ao próprio apostolo Paulo. Paulo empregou interpretação alegórica em Gálatas 4:21-31 ao falar da lei e do evangelho. Na alegoria, Paulo equipara Hagar, a escrava, com a lei outorgada no monte Sião e com o judaísmo sob o domínio dessa lei, enquanto Sara a esposa de Abraão, e mulher livre, é equiparada ao evangelho aos gentios, cujo ventre deu o filho da promessa. Dessa forma uma personagem do Antigo Testamento corresponde a uma realidade espiritual e teológica, e essa parecia ser então o grande propósito da história no Antigo Testamento. Tanto estudiosos judeus quanto cristãos aprofundaram-se em métodos de interpretação semelhantes a esse.



IX.4.2 – Sua Soteriologia

Resumidamente, a ênfase na idéia de salvação alexandrina era mais metafísica. Ela apegava-se ao conceito oriental tradicional de deificação no decurso da salvação e seu alvo final – o mesmo pensamento central de Orígenes e Atanásio. A idéia básica consistia em dizer que em Jesus Cristo ocorreu “uma troca maravilhosa” pela qual a nossa natureza divina pecadora foi curada pela natureza divina perfeita do Logos sem que a natureza divina do Logos fosse tocada pelas limitações ou imperfeições das criaturas. Os alexandrinos viam na salvação um mistério metafísico maravilhoso levado a efeito pelo Logos mediante uma união com a humanidade em Jesus Cristo.



IX.4.3 – Sua Cristologia



Para Atanásio e outros alexandrinos, a natureza humana (ousia, physis) de Cristo era passiva e impessoal. O modo típico de Atanásio e de outros alexandrinos falarem a respeito da encarnação e da união entre Deus e a humanidade em Cristo é chamado, às vezes, cristologia da Palavra-carne. Isto é, o Logos (Palavra-Verbo) de Deus assumiu a carne humana sem realmente entrar na existência humana em toda a sua plenitude.



IX.5 – Refutação bíblica

A escola de Alexandria deu sua incontestável contribuição à formulação e desenvolvimento de vários tópicos importantes da teologia cristã. Contudo ao mesmo tempo foi dali que fervilharam várias heresias para dentro da igreja. Por ser um berço do conhecimento, sobretudo da filosofia, as alegorias entraram no cerne da interpretação bíblica o que causou vários erros doutrinários no futuro. Sua visão também da pessoa de Cristo era um tanto distorcida ao desconfiar da encarnação verdadeira do Logos em Jesus Cristo. Sabemos que Cristo é plenamente homem, bem como plenamente divino.



Jo 3:12,13: “Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu”.

Hb 4:15: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Jo 8:58: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão fosse feito eu sou”.



IX.6 – Concílio que discutia a heresia e sua conclusão



O Concílio de Calcedônia delimitou vários pensamentos da Escola de Alexandria que pendiam para o erro ao condenar as idéias dos hereges alexandrinos.

5 comentários:

Unknown disse...

seus comentarios foram de grande valia. Continue sendo usado por Deus para ajudar-nos

Alexandre Tochetto disse...

Olá Silvano! Muito obrigado! Voltarei a postar mais materiais novamente! Abraços!

Acir da Cruz Camargo disse...

O Brasil tem um dos mais importantes teólogos alexandrinos, Russell Norman Champlin. Basta conferir estes links:
http://www.russellnormanchamplin.blogspot.com.br/2012/03/russell-norman-champlin-inspiracao-e.html

Acir da Cruz Camargo disse...

Russell Norman Champlin - teologia alexandrina na língua portuguesa:
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3562334

Acir da Cruz Camargo disse...

O Brasil tem um dos mais importantes teólogos alexandrinos, Russell Norman Champlin. Basta conferir estes links:
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