quinta-feira, 25 de junho de 2009

A sociedade judaica nos dias de Jesus PARTE 3

CAPÍTULO III

III – AMBIENTE SOCIAL

O ambiente social nos dias de Jesus era em geral, semelhante as outras culturas orientais. Mas com algumas singularidades típicas da cultura judaica. Jesus veio primeiramente para os judeus e depois para os gentios. Ele pregou na região da Galiléia, Samaria e Judéia e usava as coisas do cotidiano para comparar a Sua mensagem de Boas Novas.

III.1. - Contrato de casamento

Os jovens geralmente não escolhiam com quem iam casar-se. Eram feitas negociações pelos pais. Nestas negociações eram feitos os acertos sobre o valor do dote que o noivo iria pagar ao pai da moça. Caso o pretendente não pudesse pagar devido à pobreza, podia ser efetuado também na forma serviços (Gn 29:18) ou eliminação de inimigos (1 Sm 18:25). O pagamento do preço não significa que a esposa fosse vendida ao marido e agora era propriedade. Era reconhecimento do valor econômico da filha. A lei sancionou a pratica de comprar uma criada para tornar-se esposa de um homem. Tais leis protegiam as mulheres contra abuso ou mais tratos (Ex 21:7-11).


III.2. - Noivado

Uma vez feito o arranjo para o casamento, havia um noivado mais exigente do que os noivados na sociedade contemporânea. O homem nessa situação, já ficava isento do serviço militar (Dt 20:7). Maria e José estavam noivos quando foi descoberto que ela estava grávida. O noivado durava aproximadamente 12 meses, nesse ínterim a casa era preparada pelo noivo e o enxoval preparado pela noiva. A família da noiva fazia os preparativos para a festa do casamento. Neste período o noivo preparava a casa e a noiva o enxoval. A família da noiva cuidava dos preparativos para a festa de casamento.

III.3. - Casamento

Deus instituiu o casamento para construir a estrutura social que considerou melhor para a raça humana (Gn 2:18; 1:28). Nos dias de Jesus havia alguns judeus que se casava com mais de uma mulher (poligamia), mas em geral não era assim. Casar-se era algo comum e quem não se casava ficavam de certa forma excluídos das relações sociais, principalmente as mulheres. Geralmente os jovens se casavam muito cedo e quem escolhia os conjugues eram os pais. Apesar disso, a opinião dos filhos tinha certo peso, podendo até cancelar a escolha dos pais. Criam que depois que se casassem o amor brotaria naturalmente pelo convívio. Existiam também as concubinas que era geralmente uma esposa secundária, geralmente era uma serva ou prisioneira de guerra. O casamento misto era proibido em defesa da família, da tribo e da pureza da raça (Dt 7:1-4). Casamentos entre membros muitos próximo da família também eram proibidos (Lv 18:6-18).

III.4. - A Festa das bodas

A festa no geral durava sete dias (Jo 2.6-10). Saindo de sua casa, ia à casa dos pais da noiva com sua melhor roupa, com grinalda na cabeça (Ct. 3:11; Is 61:10), acompanhado de um cortejo ao som de músicas e cânticos, recebendo a esposa na casa dos pais desta, com as bênçãos paternais. Nas famílias muito ricas, “vestes nupciais” eram entregues aos convidados (Mt 22.12). Os convidados estavam ali para testemunhar que o casamento havia sido consumado. Muito embora a noiva se adornasse com jóias e vestimentas bonitas (Sl 45:13), o noivo era o centro de atenção. O Salmista apresenta não a noiva (como fazem os ocidentais), mas o noivo como feliz e radiante no dia do casamento (Sl 19:5).

III.5. - Os Filhos

Estes eram considerados como grande benção, especialmente os do sexo masculino (Sl 128:3; Sl 127:4,5). Consequentemente a esterilidade era julgada como falta de favor de Deus. Pelo fato de serem os filhos varões que sustentariam os pais em sua velhice e sepultamento digno, os mesmos tinham um prestígio maior em comparação as mulheres. Esperava-se que o primogênito fosse o próximo cabeça da casa, ele possuía maior responsabilidade por seus atos e pelos atos de seus irmãos. Esperava-se que a filha ajudasse a mãe no lar.

A herança era dividida somente entre os filhos de sexo masculino, sendo que o primogênito recebia a porção dobrada dos bens. As filhas recebiam a herança somente na falta de filhos herdeiros. As filhas solteiras eram sustentadas pelos irmãos até que se casassem.

Quanto à educação, o pai era obrigado a ensinar-lhes desde cedo. Além da instrução, um ofício que lhes garantissem a subsistência, que geralmente era a mesma do pai, como aconteceu com Jesus (Mc 6:3; Mt 13:55). Quando os pais ficavam velhos, os filhos os sustentavam.

II.6. - Divórcio

O divórcio entre os hebreus era comum e permitida. A mulher não podia dar inicio ao divórcio e o homem podia pedir divórcio por argumentos dos mais diversos inclusive cozinhar mal. Jesus permitiu o divórcio no caso de adultério (Mt 19:3-9). O divórcio tinha que ser efetivado por um documento escrito, chamado “carta de divórcio”, entregue a mulher pelo marido (Dt 24:3; Mt. 19:7), assim teria o direito a um novo casamento. Dt 24:4 (NVI): “Se o segundo marido morrer, o primeiro, que se divorciou delam não poderá casar-se com ela, visto que ela foi contaminada”.

III.7. - Manifestação de luto

Os judeus em todas as ocasiões, sempre deram valor ao exterior. Por isso em todas as ocasiões, tanto nas de manifestações de luto quanto nas de alegria, eles se expressam fervorosamente. Nas festas com danças e alegria; e nos lutos com choros, batidas no peito, palavras de lamentos e outros. Existiam até as mulheres chamadas para o enterro para chorar pelo falecido.


III.8. - Saudações

No oriente as saudações eram demoradas, por isso Jesus recomendou que a ninguém saudasse pelo caminho justamente para poupar tempo (Lc 10:4). Dependendo da intimidade do com a outra pessoa, a saudação poderia ser diferente. Havia a que era sem contatos físicos, e consistia em um gesto com a mão e a frase: “Paz seja convosco”, ou “Saudações”. Havia também uma saudação para amigo ou convidado. As pessoas colocavam a mão nos ombros, abraçavam-se e davam um beijo. Judas beijou Jesus quando o traiu. Outra forma era a reverência. Ia de uma simples inflexão de cabeça a uma prostração aos pés do convidado especial (Mt 18:26).

III.9. A mulher na sociedade

O papel da mulher na sociedade judaica nos dias de Jesus era bem diferente dos que conhecemos em nossa sociedade moderna. Em comparação com os outros povos orientais, os hebreus davam privilégios e valor maior às mulheres. A mulher ocupava uma posição inferior a do homem. Era responsável principalmente pelas atividades domesticas, as únicas atividades fora de casa era a de buscar a água e ir ao mercado central. Havia muitas restrições às mulheres. Jesus deu atenção especial a elas. Ele as aceitou em seu grupo de discípulos. Ensinou verdades espirituais a elas, como a mulher samaritana (Jo 4). Deixava que as prostitutas se aproximassem Dele. Conversava com mulheres em público. Muitas delas o seguiam, e nos momentos cruciais de sua vida elas tiveram coragem de estar com ele: na sua prisão, morte e sepultamento. Jesus aparece primeiramente às mulheres, a Maria Madalena, a qual havia expulsado legiões de demônios, Joana, Maria, mãe de Tiago, e outras.


III.10. - Alimentação

A alimentação era bastante variada. A base alimentar era: Pão, leite, mel, legumes, frutas, farinha, azeite e vinho. O peixe era comum nas proximidades dos lagos e mares. Os judeus não consumiam muita carne, a mesma era mais usada em casamentos, banquetes, e festas religiosas. As carnes preferidas eram o novilho – a considerada a melhor – cujo o pai do filho pródigo matou para festejar ( Lc 15:23), cabrito ou bode – a comida mais simples, a dos pobers – a essa o irmão do filho pródigo se refere ao dizer que nem este o seu pai havia dado para ele se alegrar com seus amigos, aves, peixes e ovelha ou cordeiro.

O pão era feito geralmente do grão do trigo – também a cevada – que era moído, peneirado, transformado em massa, amassado, feito em forma de bolos, depois assado.

O vegetais eram o cardápio diário dos israelias. Menciona-se hortas em Dt 11:10 e 1 Re 21:2. Os mais comuns eram: fava, lentilha, pepino, cebola, alho, repolho e couve-flor. Também eram comuns as amêndoas e o endro. Das frutas fazemos menção de uva, passas (uvas secas em cachos 1 Cr 12:40), romã, figo (Mc 11:4), tâmaras, ameixas, pêssegos. Da azeitona fazia-se o azeite, que era a gordura mais usada para temperar a comida e fazer frituras. O sal era usado para temperar os alimentos. Mas também utilizava condimentos como mostarda, hortelã, cominho, aniz e coentro, bem como outras especiarias.

Os judeus agradeciam antes e depois da refeição ao Senhor. Geralmente a comida era servida em uma vasilha, e todos com o seu pão pegavam uma porção. Eles não utilizavam de talheres como em nossos dias. Daí a importância de se lavar as mãos antes e depois da refeição. Preparavam a refeição no quintal para evitar que a casa ficasse enfumaçada. Os fogões e fornos eram pequenos. O vinho e a água para consumo era bem armazenada e tampada, devido as muitas moscas e larvas. Em variadas circunstâncias era preciso coar os mesmos para remover as larvas e outras impurezas.

III.11. - Vestuários


Se distinguiam as vestimentas masculinas das femininas. Eram confeccionados pelos mesmos materiais, porém com estilos e formas distintas.

III.11.1. - Vestuário Masculino

A túnica era a peça básica de um judeu. Uma espécie de camisa longa, semelhante a um vestido. Era feita de lã ou de linho ou até algodão. As túnicas masculinas geralmente eram curtas e coloridas. A túnica era presa por um cinto de couro, que também servia de bolso.

O manto, também chamada de capa, era usado por cima da túnica como agasalho. Alguns fariseus usavam franjas azuis na orla de seus mantos para mostrar que guardavam a lei registrada em Nm 15:38,39. Jesus os condenou porque se tratava do desejo de exibicionismo.
Os eram as sandálias e sapatos confeccionados de couro ou pano e presa ao pé por cordões de algodão ou fitas de couro fino, os discípulos de Jesus usavam este tipo de sandálias ( Mc 6:9). Existiam também chinelos parecidos com os de nossos dias. Os pobres andavam descalços. Usavam-se também uma cobertura na cabeça de pano para proteger do sol.

III.11.2. - Vestuário Feminino

As mulheres usavam roupas muito semelhantes às dos homens. Contudo a Lei proibia estritamente a uma mulher usar qualquer coisa que se julgasse pertencer particularmente do homem. As mulheres cobriam a cabeça somente durante os cultos, não necessariamente o rosto (1 Co 11:5). Em relação aos ornamentos e enfeites, era de costume o uso de pulseiras, colares, brincos, anéis de nariz, e cadeias de ouro (Is 3:16, 18,23). O uso desses cosméticos era tão freqüente pelas mulheres naquela época que as cristãs foram advertidas a se enfeitarem com um espírito manso e tranqüilo (1 Pe 3.3,4).

III.12. - Habitação

Quando os israelitas guiados por Josué conquistaram as cidades e povoados, deixaram de morar em tendas e passaram a morar em casas feitas de tijolos de barro seco ao sol. Com o passar do tempo, a tecnologia evolui e passaram a construir com tijolos queimados em fornos. Mais tarde foi possível construir casas de alvenaria e pedras brutas. Na maioria das casas havia somente uma peça. O teto das casas era plano. E era construído colocando gravetos sobre vigas de sicômoro e unindo tudo com barro. A iluminação da casa dependia de lamparina de azeite, já que havia poucas janelas. Na maioria das casas o assoalho era de cerâmica ou barro batido. A mobília nas casas era bem prática, sem muitas peças de mobílias. Para as refeições, eles estendiam no chão uma esteira ou pele. Mesas e cadeiras eram objetos de luxo, que só as famílias ricas possuíam. Até mesmo um tamborete simples, de três pés, era uma raridade. As camas (que normalmente eram um colchão, ou então esteiras ou peles de animais) em geral eram enroladas todos os dias pela manhã, e colocadas no canto da parede.

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